Tuesday, January 24, 2006

Deixo de Ser

Olho o vazio…
Negro…Escuridão
Sinto o ar gélido a tocar-me a face
Como um beijo de morte
Forças invisíveis fazem-me sucumbir
Afundo-me na indiferença dos olhares
Apago-me no anonimato dos sorrisos
Sigo a corrente…DEIXO DE SER!  

Thursday, January 12, 2006

Naquela Noite

Naquele início de noite havia ainda tanto a dizer, contudo, pagámos a conta cedo demais e eu levantei-me, com medo no olhar e talvez esse fosse o único sitio onde ele se encontrava. Levantaste-te atrás de mim, sorriste e perseguiste-me lentamente, de perto, até à saída. Que podia eu fazer, se não era nada nem ninguém?
Tive vontade de esticar a mão, e tocar-te nas costas. Trago um prego cravado na mão… Devias tirá-lo… Estive para te deixar sozinho no teu caminho.
O medo, de saber que uma vez mais ia mergulhar depressa demais e que a subida à superfície ia ser difícil mas, de que interessava estar viva, sentir e respirar se fosse para viver tudo apenas pela metade e… interiormente corro atrás de ti e decido… não vou arrancar nada e é neste momento que tudo muda, e nada volta ao que já foi, porque nada se repete.
Seguimos juntos, e nessa noite, no teu abraço, no teu afecto, senti, em mim, que podia haver vida para além da dor, que as barreiras afinal são para se derrubar e, que a sinceridade de um gesto, de um olhar nos pode fazer ultrapassar e esquecer fantasmas que críamos incontornáveis…quando acordei, quis mandar parar o tempo mas ele não me obedeceu, olhei para o lado e já lá não estavas e foi nessa hora, que te começaste a afastar…
Penso, ou melhor, tenho a certeza que nunca percebeste, a importância que tiveste na minha vida….Esta saudade, esta memória, será eterna. Sabes bem que não te vou esquecer…independentemente “da vida nos levar para longe de nós”, serás sempre aquele alguém que me fez acreditar que afinal a vida pode ser doce ou salgada mas, ter mais sabor…

Tonalidades cinza

Estou farta do cinzento
Daquilo que é…mas deixa de ser
Da felicidade que vem…mas não dura

Tenho saudades de todos aqueles que já moraram em mim
Dos que conheci e dos que não cheguei a conhecer.

Estou farta do cinzento
Quero branco ou preto
Quero o tudo ou nada
Será pedir demais?....

Tuesday, January 10, 2006

Tu...

            Fazes-me escrever, assim, mansinha no lento da noite, quando tudo se aquieta e a esta distância de quilómetros o oceano vem marulhar junto de mim, um tom de flor leve e quebradiça ao vento, que perdura e ecoa por dentro.
            Fico quieta tremendo a caneta incerta sobre a aspereza amiga da folha de papel. Procuro o teu sorriso. Assim, delineado a azul na caligrafia pequena deste momento curto. Ondeias. O teu sorriso de água foge-me sobre a palidez da folha, brinca comigo misturado no eco dessas palavras que vibram ainda na companhia que me fazem e em ausência de tempo ou espaço.
            E então fazes-me escrever. Nem eu sei o quê. Em que tom exacto e concreto te encontre...

Sei que estamos mais longe do que eu gostaria,
Sei que és feliz mesmo sem me teres por perto dia após dia,
Sei que quem Te tem ao pé, nunca Te quer deixar partir
Mas, acima de tudo sei, que te quero ver sempre, sempre sorrir.

Inúmeras vezes falámos de amizade,
De todas elas, sempre que parti, ficou a saudade,
Ficou o vazio de não te ter por perto
E, ainda às vezes, quando olho em volta, é tudo um deserto.

            Fecho o livro.
            Deixo-o desarrumado sobre a mesa... e neste tom lento de tronco de árvore tu perduras na estante aberta e caótica da imaginação...