Friday, March 24, 2006

Um Mundo de Sonho/Um Sonho de Mundo

Deslizo pelas rugas dos lençóis,
O lume do dia
Vem brincar sobre o teu corpo.
Olho-te…
Espero-te…
Saímos,
Vulgos exploradores,
Com vontade de descobrir recantos
Torná-los nossos.
Naquela loucura infantil
Característica dos amantes.
Conduzida por Ti,
Sorvo ruelas
Vislumbro varandins a dourar ao sol
Dirigimo-nos ao mar
Sabes sempre,
Adivinhas sempre, onde quero estar!
Sol, areia e salpicos salgados.
Envolto pelas lágrimas marinhas,
Reflectes-te em mil pedaços,
Cada qual com o seu brilho,
A sua cor…
As minhas mãos procuram as tuas,
Querem entrelaçá-las, guardá-las…
Hoje, tenho as tuas gargalhadas,
Diluídas na brisa fresca que teima em brincar com os meus cabelos.
Os raios de sol vêm,
Suavemente,
Despedir-se de nós….

Deslizo pelas rugas dos lençóis
E, acordo d’um dia perfeito
No sonho de uma noite.

Vila Real
24-03-2006

Wednesday, March 22, 2006

O que foi feito de mim?

Olho-me no reflexo!
Não reconheço este olhar
Vazio,
Triste,
Sombrio!
Não recordo
Sorrisos e lágrimas,
Cujos franzidos
Conferem o ar envelhecido à pintura.
O que foi feito de Mim?
Por que caminhos me perdi,
Antes de chegar aqui?

Vila Real
21-03-2006

Monday, March 13, 2006

Uma tela de futuro azul

Hoje quero…
Acender velas,
Construir castelos.

Hoje quero…
Ser criança,
Acreditar em Ti,
Acreditar em Nós.

Hoje quero…
Pintar-me numa tela
De futuro azul.

          Lisboa, 12-03-2006

Devolve-me

Devolve-me esse pedaço de mim,
Esta janela do peito que escancarei...
Para poderes entrar.
Devolve-me,
Agora que partiste,
Essa fechadura.
Deixa-me voltar ao refúgio interior
Erigir barreiras,
Levantar defesas.
Devolve-me,
Esses pedaços de felicidade que roubaste
E, deixa-me reencontrar-me…
Num hoje,
Sem esperanças vãs.
Um hoje,
Com sabor a solo.
Deixa-me varrer,
Sem pressas os destroços…
Mas devolve-me…
O Eu que existe em Ti.

               Venda Nova, 08-03-2006

Monday, March 06, 2006

Pormenores

Silhuetas do dia-a-dia
Pintadas numa melodia plúmbea
Revestidas de leves contornos.

Pilares de uma vida,
Renegados para recantos
enovelados da memória.

Pequenos nadas
Perdidos nos meandros do tempo.

Os pormenores são as árvores
Que nos permitem construir o oásis da alma.
São “as pedras do caminho com as quais
Um dia construímos um castelo”


Vila Real
02-03-2006

Saturday, March 04, 2006

Nunca consegui descobrir

Nunca consegui descobrir…

O momento certo de partir
Para que não me doa a distância.

A quantidade certa de partilha
Pra que não me sinta nua,
A cada momento que não tenha uma notícia tua.

Que portas e janelas abrir
Pra não ficar destruída quando te vir sair…

Sou, trapezista falhada
Do voo acrobático das emoções…