Tuesday, May 08, 2007

Vagabunda de nós

Na casa vazia,
Sentada,
Percorro a poesia,
Releio as palavras,
De rimas
Que já não são minhas,
Nem tuas,
São viagens ao passado.

Os meus olhos dançam,
Num torpor só.
Ao ritmo das recordações
Nelas reclusa.
Pela vida, vagueio,

Navego sem bússola
Arrasto-me sem âncora
Perdida.
Vagabunda de Ti,
Vagabunda de Nós.


Portimão
08/05/07

Saturday, April 21, 2007

O relógio

Olho,
Vejo estradas,
Pontes,
Caminhos
Sem saber qual o destino.
Procuro pontos,
Referências,
Quem sabe tendências
Mas,
Não me encontro
Estou, de costas voltadas para mim.

Impiedosamente o relógio marcas as horas,
Compassadamente divide os dias,
Peço-lhe clemência
Algumas horas de cedência
Mas, invariavelmente responde não.

O relógio marca as horas…
Da tua ausência…
Da minha solidão.

Algarve,
21 de Abril de 2007

Thursday, December 28, 2006

Como esquecer

Como esquecer-te se...
Em ti penso quando me deito.
Como esquecer-te se...
De ti me lembro quando acordo.
Como esquecer-te se...
Cada suspiro,
Cada sorriso,
Cada gesto de ternura
Te traz descrito e inscrito...
Como esquecer lembrança tua
Se de ti me sinto nua.
Como esquecer quem nunca me quis pertencer...



Vila Real,
27/12/2006

Friday, October 13, 2006

....

Era uma vez...
Um sorriso solto,
Um olhar displecente.


Era uma vez...
Um vento forte,
Um sol ardente.

Era uma vez...
Uma rapariga triste
De sorriso ausente.

Era uma vez...
Um toque fugidio,
Uma ternura para sempre...

Era uma vez...
O receio de me perder
Num voo sem rumo.

Era uma vez..
Um porto de abrigo,
Sempre colorido,
Nem sempre oportuno.

Era uma vez..
Um nunca prometer
De um passeio sem rasto

Era uma vez
Eu , por momentos...
Assim, de repente....
Sem laços!

Algarve,
11 de Outubro de 2006

Wednesday, September 27, 2006

Saudade doce sentir

Na sombra de um beijo…
No sorriso de um abraço,
Vejo-te...
Sinto-te!
Faltas-me.

Sinto-te na pele,
Toco-te,
Trago o teu cheiro preso em mim.

Acordo para o teu sorriso,
Numa sombra escondida,
Num mundo…
Onde o dia beija a noite.
E, nessa sombra escondida
De ti,
De mim,
Empurro-te para fora da minha vida
Como o dia empurra a noite,
Para bem longe da madrugada.

Fico sozinha contigo,
Presa,
Aninhada no teu pensamento
Recordando o teu olhar,
Na sombra do teu sorrir,
Só,
Com a saudade, doce sentir.


Portimão, 27 de Setembro

Saturday, September 09, 2006

No soluço de um comboio

Ao ritmo soluçante do comboio

Vejo-te passar por mim,

Cada vez mais rápido,

Até seres só, raios de luz.

Caminhamos em sentidos contrários,

Direcções distintas,

Rumo ao norte

Rumo ao sul.

Já não te vejo…

Sinto apenas

A brisa quente,

O ar movido

À tua passagem.

No início foste vendaval,

Remoinho…

Pensei que janelas calafetar

Para não te permitir entrar.

Passada a loucura

Fica o carinho,

Talvez, ternura?

Hoje, és raio de luz,

Brisa calma

Ao descer da noite.

Cai o pano,

Acaba a cena.

Mais um poeta

Da minha vida

Que se ausenta.


Algures num comboio entre Algarve e Lisboa

08-09-2006


Saturday, September 02, 2006

Podia ter sido assim

Chegámos,
Sentámos,
Falámos!
Rimos,
Sorrimos,
Sentimos!
Beijámos,
Quisemos,
Saímos!
Entrámos,
Deitámos,
E por fim…
Amámo-nos!

Psst! Psst!
Podia ter sido assim…

Algarve, 28 de Agosto 2006